Nova associação reúne 17 instituições para atuar junto ao poder público em projetos de longo prazo que visam o desenvolvimento sustentável de Campinas
Campinas ganha associação de governança colaborativa que reúne 17 entidades em parceria inédita com o poder público
Foi lançada no dia 13 de agosto a associação Mais Campinas, uma iniciativa apartidária e sem fins lucrativos que nasce com o objetivo de implementar um modelo de governança colaborativa na cidade. A proposta é unir forças entre sociedade civil organizada e poder público para desenvolver e executar projetos de médio e longo prazo em diversas áreas estratégicas, como saúde, educação, mobilidade urbana, desenvolvimento econômico e inovação.
A associação é composta por um grupo inédito de 17 instituições representativas da Região Metropolitana de Campinas (RMC): Avança Campinas, Secovi, Sebrae, AsBEA, Ciesp Campinas, Confra Business, Habicamp, IAB, Prourbe, Sinduscon, Sindilojas, SindiVarejista, Sescon, AELO, Creci, AREA e OAB.
A atuação será marcada por diagnósticos técnicos, estudos aprofundados e propostas de soluções práticas e viáveis para os desafios da cidade. O trabalho será feito em parceria com o poder público municipal, mas com independência técnica e política.
“Uma cidade melhor não será construída automaticamente. É preciso pensar e planejar a longo prazo, e somente com a união das lideranças será possível fazer o levantamento das potencialidades, dos desafios ou obstáculos e dos projetos de futuro”, afirma Camila Dias, presidente do Avança Campinas, uma das entidades fundadoras da associação.
A governança colaborativa não é novidade no Brasil. O modelo já foi implementado com sucesso em cerca de 35 municípios, incluindo Maringá (PR), Goiânia (GO), Caxias do Sul (RS), Campo Mourão (PR) e Belo Horizonte (MG).
Essas cidades se destacaram por criar projetos estruturantes e de longo prazo que seguem em andamento, mesmo com mudanças na administração pública. Um dos exemplos mais citados é Maringá, onde a CODEM (Conselho de Desenvolvimento Econômico de Maringá) foi responsável por impulsionar a internacionalização do aeroporto da cidade, a criação de um centro de inovação e a elaboração de planos estratégicos como o Maringá 2020, 2030 e 2047.
Segundo Márcia Santin, consultora da Firefly Consulting – empresa especializada contratada para apoiar a implantação do programa em Campinas –, os resultados são concretos e transformadores.
“Temos bons exemplos como a internacionalização do aeroporto de Maringá e a criação do Centro de Inovação da cidade. Em Caxias do Sul, a iniciativa criou projetos de infraestrutura regional da Serra Gaúcha, incluindo ferrovia, porto, aeroporto e rodovias, com potencial para impulsionar o turismo, a economia local e a geração de empregos”, explica a consultora.
A Mais Campinas será estruturada com base em quatro pilares: plenário, conselho consultivo, conselho fiscal e câmaras temáticas.
O plenário será composto por membros das entidades participantes e representantes do poder público. Já o conselho consultivo terá função estratégica, enquanto o conselho fiscal cuidará da transparência e integridade financeira. As câmaras temáticas funcionarão como grupos técnicos dedicados a áreas específicas, como saúde, educação, inovação, mobilidade e desenvolvimento urbano.
A composição das funções deve ser concluída até o fim de 2025, com o início efetivo das atividades previsto para o primeiro trimestre de 2026.
Mais de 30 instituições já aderiram como apoiadoras do projeto, entre elas a PUC-Campinas, São Leopoldo Mandic, Parque Dom Pedro Shopping e o Senac. Essas entidades devem colaborar ativamente com as câmaras temáticas, contribuindo com conhecimento técnico, acadêmico e propostas inovadoras.
“Estamos conversando com várias entidades de classe, instituições de ensino e grupos empresariais, e estamos certos de que o projeto terá mais adesões até o final desse ano, se tornando maior e ainda mais forte”, diz Camila Dias.
A Mais Campinas se propõe a funcionar como um fórum permanente de articulação, reunindo empresários, acadêmicos, líderes comunitários, representantes do setor público e outros agentes da sociedade civil.
O objetivo é construir consensos em torno de propostas sustentáveis para os desafios urbanos de Campinas, com foco em resultados concretos e perenes, que ultrapassem ciclos eleitorais.
Exemplos de sucesso pelo Brasil
Confira alguns dos projetos viabilizados por governanças colaborativas em outras cidades brasileiras:
Maringá (PR) – CODEM
- Internacionalização do aeroporto
- Centro de inovação
- Criação de novos cursos universitários
- Participação ativa no plano diretor
- Projetos de educação financeira
- Plano de retomada econômica pós-COVID
- Planos estratégicos de desenvolvimento (Maringá 2020, 2030, 2047)
Caxias do Sul (RS) – Mobicaxias
- Estruturação de hospitais
- Simplificação de marcos regulatórios
- Revitalização de espaços públicos
- Projetos de concessão de parques urbanos
- Projetos de infraestrutura regional (ferrovia, porto, aeroporto, rodovias)
- Centro de design em cutelaria
Campo Mourão (PR) – Codecam
- Boletim de indicadores econômicos
- Lei municipal de inovação
- Projeto de lei do conselheiro municipal
- Minuta da Lei do 5G
- Sandbox regulatório
- Incentivo à criação de spin-offs em tecnologia
Campinas como referência em planejamento urbano
A expectativa dos organizadores é que Campinas se torne referência nacional no uso da governança colaborativa para estruturar políticas públicas com base em dados, participação popular e articulação entre setores.
O formato apartidário da Mais Campinas busca garantir a continuidade dos projetos, independentemente dos ciclos políticos, criando um ambiente de cooperação e foco em resultados.